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Sergio Santeiro: pelo cumprimento da Lei do Curta
Por Cristine Josme*
Sergio Santeiro responde às perguntas enviadas por e-mail pela estudante Cristine Josme, interessada em conhecer a opinião do cineasta e professor sobre o curta-metragem brasileiro, seu presente e futuro.
P - Qual a importância do curta-metragem para o cinema brasileiro?
SS - O cinema nasceu curto, no mundo, Lumiére, na França, Edison, na NorteAmérica, no Brasil, Segreto ao entrar na Baía do Rio de Janeiro, em 1897. Ao longo do tempo, além de seu valor intrínseco enquanto cada filme, funcionou como ocupação na entressafra da produção de longas. E foi se multiplicando em naturais, posados ou ficcionais, animação, documentários. E, hoje, movimenta cerca de 200 filmes neste ano, infelizmente só vistos em festivais, mostras e especiais.
P - Comparando os curtas da década de 80 e os de hoje, você vê evolução na qualidade?
SS - Em arte não há evolução e nem há qualidade. Na minha opinião, todos os filmes se equivalem porque são testemunhos pessoais do que cada um viu e achou importante fazer. Mas há a evolução das condições técnicas, a facilidade e barateza do digital, que como toda facilidade é uma “faca de dois legumes”. Afora isso, os de 80 e os de hoje, cada um reflete o seu momento, e isto é que é importante, todos se somam e se completam num painel geral como se fosse um monte de 3x4. Para mim a quantidade é que gera a qualidade.
P - A Lei do Curta está em vigor?
SS - Está, pois não foi revogada em 1990, quando extintos foram os órgãos que a faziam cumprir, Concine e Fundação do Cinema Brasileiro, mas suas atribuições recaíram sobre o Ministério da Cultura. Um recente acórdão do Ministério Público de São Paulo determinou que em 90 dias a
Ancine fizesse cumprir a lei. Até agora nada. Mas confirmou seu pleno vigor, anteriormente afirmado na Câmara dos Deputados e na emenda do senador Julio Campos que a ampliava.
P - Há onze anos o projeto da nova lei do Curta feita pelo senador Júlio Campos está em tramitação na Câmara dos Deputados. Qual a sua opinião sobre o projeto?
SS - Acho positivo, embora tenha ousado refazê-lo na proposta de emenda do então deputado Geraldo Magela. Na verdade, o que se trata é que no passado a regulamentação pelo Concine muitas vezes foi contestada judicialmente, porque não estava no texto da lei que sabemos é o art.13, apenas uma frase. Essas reformulações do texto, tanto a do senador quanto outra, importam porque reafirmam o mérito que é a exibição do curta embora possam divergir no acessório que são as condições.
P - Como estão as negociações sobre o retorno da Lei do Curta? O que seria a Lei do Curta hoje?
SS - Negociações são águas turvas. E o retorno não é da lei que nunca foi para ter retornado, e sim do seu cumprimento que foi interrompido. Acho que estão mal paradas. A Ancine e o Ministério fazem corpo mole, empurrando entre si as responsabilidades. Não querem confrontar o domínio do mercado pelos estrangeiros a quem a lei não chega a prejudicar mas desagrada, eles não gostam de ser mandados por lei na colônia.A lei do Curta hoje, na minha opinião, seria a minuta de resolução que tenho amplamente divulgado nos últimos quatro anos.
"Minuta para a regulamentação da lei do Curta.
art. 1 - Compete ao Ministério da Cultura mediante portaria garantir o cumprimento da lei em todos os cinemas do território nacional.
parágrafo 1 - Garantir a exibição de todos os curtas detentores de cpb pela ordem de inscrição na Ancine.
parágrafo 2 - Garantir a remuneração equânime dos curtas exibidos no valor atribuído pelo Minc em seus editais para a produção de curtas, isto é, para o ano de 2006: 80 (oitenta) mil reais, correspondentes ao prazo de cinco anos para exibição.
art. 2 - Para o melhor cumprimento do sistema, conferir ao CTAv, a atribuição de supervisionar e garantir a melhor distribuição dos curtas para exibição.
art. 3 - Arrecadar os 5% da bilheteria do filme estrangeiro para constituir um fundo de administração da lei do Curta que remunere os filmes, a copiagem e a distribuição, nos moldes de um Funcine, autorizando o abatimento por incentivo fiscal (Lei Rouanet ou Lei do Audiovisual ou Fundo Nacional de Cultura) ao exibidor ou distribuidor que recolha espontaneamente aplicando no fundo os 5% devidos da bilheteria do filme estrangeiro sob sua responsabilidade.”
P -Você acha benéfico a volta da Lei do Curta?
SS - Sim, não só porque é a minha vida, dedicação de quarenta anos de atividade profissional, como acho que é um presente para o público poder ver em pequenos filmes que, mesmo na pior das hipóteses não duram o suficiente para chatear, pedaços de suas vidas, suas paisagens, nossas caras, nossas falas e nossos sentimentos.
P - Por que a lei caiu em "desuso"?
SS - Apenas porque se extinguiram os órgãos que cuidavam de sua aplicação. O Concine, Conselho Nacional de Cinema, que regulamentava através de resoluções, houve umas três. E a Fundação do Cinema Brasileiro que executava a escolha e programação dos filmes. O Ministério da Cultura
que deveria ter assumido essas funções até hoje não o fez, falta de vontade política.
P - O Governo Federal apóia o desenvolvimento da produção cultural, principalmente a produção independente?
SS - Apóia pouco através de uma política assistencialista que dispersa os recursos para produção, mas não se ocupa da circulação e exibição, não cria e exerce perspectivas de mercado e conseqüente autosustentação do setor.
P- É possível elaborar uma nova regulamentação que contemple as necessidades de todos os envolvidos, inclusive dos espectadores?
SS - Os espectadores sempre sairão ganhando pois ganharão sem custo, grátis, mais um pequeno filme local antes do longa estrangeiro. A minha opinião sobre regulamentação é a minha proposta de minuta reproduzida acima.
P - Quais os empecilhos para que esta lei saia do papel?
SS – Nenhum, de fato, a não ser a má vontade de exibidores e estrangeiros que poderiam ser pela isenção fiscal, abatida em seus alegados prejuízos. E a vontade política do governo em fazer cumprir uma lei, o que não é mais que sua obrigação.
cristinejosme@hotmail.com
Aguardem no próximo Festival de Brasília: Mesa redonda - 40 Anos de Cinema: Pelo cumprimento da Lei do Curta.
16.09.2007
Uma demonstração de fé!
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4ª Edição da Mostra Felco BH 2009
A 4º Edição da Mostra FELCO BH 2009 se prepara para receber a produção de grupos de cineastas e indivíduos. Este ano o tema é Memórias do Subdesenvolvimento, com mini-mostras de realizadores contemporâneos, cinema militante e videoativismo.
A Mostra FELCO BH 2009 acontece em espaços alternativos da cidade e no Cine Humberto Mauro de 8 a 12 de abril de 2009.
DIVULGUE!!
As inscrições podem ser feitas aqui neste site. O realizador deve preencher a ficha de inscrição e enviá-la juntamente com a cópia do filme em mídia DVD até o dia 31 de Janeiro.
O endereço para envio dos filmes é
CAIXA POSTAL 220
CEP 30161-970
Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil.
Inscreva-se AQUI
Notícias Do Futuro - Assim Assado
A TOMADA DA BASTILHA E A NOVA ORDEM AUDIOVISUAL (A)
Se é verdade que "o poder se toma nas telas", como se gosta de dizer no meio cinematográfico, chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor. Nunca antes na história deste planeta houve ambiente tão favorável a isso.
A nova ordem audiovisual vem em ondas, avassaladoramente, e já pode ser vista da praia. Chega carregada pelos ventos da popularização das câmeras de vídeo [embutidas nas máquinas fotográficas ou nos celulares], sem dúvida.
Mas também pela multiplicação de janelas de exibição [do YouTube a soluções brasileiras como o Videolog], pelo alastramento de festivais dedicados a novatos [Favela é Isso Aí, de Beagá; Ver e Fazer Filmes, de Cataguases; FestFavela, do Rio] e a proliferação de ferramentas de edição simples e gratuitas e de cursos online.
No conjunto da obra, trata-se de um movimento histórico, sim. Que se reflete na abertura progressiva de espaços em canais tradicionalmente engessados, como a televisão. E vai levar, queira-se ou não, a uma Tomada da Bastilha audiovisual: uma derrubada de muros que abre à sociedade uma oportunidade concreta de que ela ocupe espaços e se sinta parte de um patrimônio que é seu: a televisão.
Dois novos movimentos [complementares] ajudam a ilustrar isso. De um lado, a cineasta Laís Bodanzky e seu marido, o roteirista Luiz Bolognesi, abrem nova frente na educação audiovisual com o início das operações do Tela Brasil, uma plataforma de oficinas à distância que disseca a engrenagem da realização de um filme.
Laís e Luiz pavimentam este caminho há 12 anos, desde os idos de Cine Mambembe, uma experiência de exibição de curtas-metragens em praça pública. O que começou com uma Saveiro e um projetor 16mm ganhou novos contornos e tornou-se, hoje, uma sala de cinema itinerante com 225 cadeiras, ar condicionado, sistema de som sorround e projetor 35mm, em cinemascope -em moldes parecidos com o padrão Universo Produções, na Mostra de Tiradentes.
A diferença entre o início do projeto e o seu upgrade em 2004 foi tanta que optou-se pela mudança de nome. É quando nasce o Cine Tela Brasil.
Um e outro guardam uma característica comum: a realização de curtas-metragens a partir de oficinas produzidas com as comunidades dos locais de exibição. Que agora ganham este braço virtual, capaz de guiar neófitos pelos caminhos da produção, do roteiro, da fotografia, da direção, da trilha sonora e da montagem.
São cursos de iniciação, evidentemente. Para curiosos em geral -e gente que gosta de aprender fazendo em particular. A diferença é de escala e geografia: é pra quem quiser e onde estiver, via www.telabr.com.br.
(...)
A TOMADA DA BASTILHA E A NOVA ORDEM AUDIOVISUAL (B)
(...)
A formação de jovens realizadores nas periferias e grotões do Brasil é um trabalho exercitado desde 2001 pela produtora Zita Carvalhosa e sua Kinoforum, responsável há duas décadas pelo Festival Internacional de Curtas de São Paulo. É ela uma das figuras-chave na segunda ação importante que nos bate à porta -a partir de hoje.
Trata-se do festival Tela Digital, idéia gestada pelo intrépido cineasta baiano José Araripe Jr. e operacionalizada pela Kinoforum, sob demanda da TV Brasil.
A palavra de ordem do festival é "desentube-se". Um convite explícito para que o realizador não-profissional corra o risco de ver seu vídeo na televisão, e não apenas na Internet. É um movimento parecido com o que alimenta o canal FizTV, da editora Abril. Com uma diferença fundamental: agora na TV aberta, com exibição remunerada e R$ 60 mil em prêmios.
É um movimento semelhante ao que alimenta o canal FizTV, da editora Abril. Com uma diferença fundamental: agora na TV aberta, com exibição remunerada [R$ 500,00 para cada vídeo selecionado] e R$ 60 mil em prêmios.
A operação encabeçada pela Kinoforum une sua experiência a outra igualmente bem-sucedida no circuito formal: o Festival do Minuto. É dele a tecnologia usada para a postagem de vídeos, que permitirá o recebimento e o julgamento online de todo processo.
A TV Brasil acenou para este caminho em dois momentos ao longo de 2008, com um sistema pioneiro de upload de vídeos [realizado, nos mesmos moldes e ao mesmo tempo, pela TV Bandeirantes], durante o Carnaval.
As ferramentas de postagem de vídeos num hotsite dedicado a conteúdos colaborativos se repetiria mais tarde, nos festejos de São João. Agregaram em torno de si um manancial com centenas de vídeos produzidos pela sociedade. Os mais interessantes foram parar na televisão.
É um movimento sem volta, este. Que deixa um recado claríssimo: ou a televisão se abre para a sociedade e estabelece uma nova dinâmica com ela, ou a sociedade vai migrar de vez [como já vem fazendo] para a Internet.
Não é apenas uma estratégia de sobrevivência das emissoras, mas de renovação. E é de se festejar a infinitude de possibilidades que se abre a partir disso, de uma arejada nas idéias emboloradas, no modelo de televisão que se faz hoje mundo afora.
Israel do Vale, 41, é jornalista, dublê de dejota (residente SamBaCana Groove),
curador na área de música e gerente-executivo de conteúdo da TV Brasil
publicado [parcialmente] em 06.12.08, no caderno "magazine" do jornal "o tempo" (BH/MG)
Se é verdade que "o poder se toma nas telas", como se gosta de dizer no meio cinematográfico, chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor. Nunca antes na história deste planeta houve ambiente tão favorável a isso.
A nova ordem audiovisual vem em ondas, avassaladoramente, e já pode ser vista da praia. Chega carregada pelos ventos da popularização das câmeras de vídeo [embutidas nas máquinas fotográficas ou nos celulares], sem dúvida.
Mas também pela multiplicação de janelas de exibição [do YouTube a soluções brasileiras como o Videolog], pelo alastramento de festivais dedicados a novatos [Favela é Isso Aí, de Beagá; Ver e Fazer Filmes, de Cataguases; FestFavela, do Rio] e a proliferação de ferramentas de edição simples e gratuitas e de cursos online.
No conjunto da obra, trata-se de um movimento histórico, sim. Que se reflete na abertura progressiva de espaços em canais tradicionalmente engessados, como a televisão. E vai levar, queira-se ou não, a uma Tomada da Bastilha audiovisual: uma derrubada de muros que abre à sociedade uma oportunidade concreta de que ela ocupe espaços e se sinta parte de um patrimônio que é seu: a televisão.
Dois novos movimentos [complementares] ajudam a ilustrar isso. De um lado, a cineasta Laís Bodanzky e seu marido, o roteirista Luiz Bolognesi, abrem nova frente na educação audiovisual com o início das operações do Tela Brasil, uma plataforma de oficinas à distância que disseca a engrenagem da realização de um filme.
Laís e Luiz pavimentam este caminho há 12 anos, desde os idos de Cine Mambembe, uma experiência de exibição de curtas-metragens em praça pública. O que começou com uma Saveiro e um projetor 16mm ganhou novos contornos e tornou-se, hoje, uma sala de cinema itinerante com 225 cadeiras, ar condicionado, sistema de som sorround e projetor 35mm, em cinemascope -em moldes parecidos com o padrão Universo Produções, na Mostra de Tiradentes.
A diferença entre o início do projeto e o seu upgrade em 2004 foi tanta que optou-se pela mudança de nome. É quando nasce o Cine Tela Brasil.
Um e outro guardam uma característica comum: a realização de curtas-metragens a partir de oficinas produzidas com as comunidades dos locais de exibição. Que agora ganham este braço virtual, capaz de guiar neófitos pelos caminhos da produção, do roteiro, da fotografia, da direção, da trilha sonora e da montagem.
São cursos de iniciação, evidentemente. Para curiosos em geral -e gente que gosta de aprender fazendo em particular. A diferença é de escala e geografia: é pra quem quiser e onde estiver, via www.telabr.com.br.
(...)
A TOMADA DA BASTILHA E A NOVA ORDEM AUDIOVISUAL (B)
(...)
A formação de jovens realizadores nas periferias e grotões do Brasil é um trabalho exercitado desde 2001 pela produtora Zita Carvalhosa e sua Kinoforum, responsável há duas décadas pelo Festival Internacional de Curtas de São Paulo. É ela uma das figuras-chave na segunda ação importante que nos bate à porta -a partir de hoje.
Trata-se do festival Tela Digital, idéia gestada pelo intrépido cineasta baiano José Araripe Jr. e operacionalizada pela Kinoforum, sob demanda da TV Brasil.
A palavra de ordem do festival é "desentube-se". Um convite explícito para que o realizador não-profissional corra o risco de ver seu vídeo na televisão, e não apenas na Internet. É um movimento parecido com o que alimenta o canal FizTV, da editora Abril. Com uma diferença fundamental: agora na TV aberta, com exibição remunerada e R$ 60 mil em prêmios.
É um movimento semelhante ao que alimenta o canal FizTV, da editora Abril. Com uma diferença fundamental: agora na TV aberta, com exibição remunerada [R$ 500,00 para cada vídeo selecionado] e R$ 60 mil em prêmios.
A operação encabeçada pela Kinoforum une sua experiência a outra igualmente bem-sucedida no circuito formal: o Festival do Minuto. É dele a tecnologia usada para a postagem de vídeos, que permitirá o recebimento e o julgamento online de todo processo.
A TV Brasil acenou para este caminho em dois momentos ao longo de 2008, com um sistema pioneiro de upload de vídeos [realizado, nos mesmos moldes e ao mesmo tempo, pela TV Bandeirantes], durante o Carnaval.
As ferramentas de postagem de vídeos num hotsite dedicado a conteúdos colaborativos se repetiria mais tarde, nos festejos de São João. Agregaram em torno de si um manancial com centenas de vídeos produzidos pela sociedade. Os mais interessantes foram parar na televisão.
É um movimento sem volta, este. Que deixa um recado claríssimo: ou a televisão se abre para a sociedade e estabelece uma nova dinâmica com ela, ou a sociedade vai migrar de vez [como já vem fazendo] para a Internet.
Não é apenas uma estratégia de sobrevivência das emissoras, mas de renovação. E é de se festejar a infinitude de possibilidades que se abre a partir disso, de uma arejada nas idéias emboloradas, no modelo de televisão que se faz hoje mundo afora.
Israel do Vale, 41, é jornalista, dublê de dejota (residente SamBaCana Groove),
curador na área de música e gerente-executivo de conteúdo da TV Brasil
publicado [parcialmente] em 06.12.08, no caderno "magazine" do jornal "o tempo" (BH/MG)
Salvação da lavoura!
Fundo Setorial do Audiovisual chega para alavancar a produção de cinema nacional
Por Aline Souza
Adiantada em duas horas para seu início, a cerimônia de lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, reuniu nesta quinta-feira (02/12) autoridades políticas e culturais em torno da nova possibilidade de financiamento para o cinema brasileiro. Inicialmente serão investidos R$ 74 milhões nas primeiras quatro linhas de ação ao longo de 2009. Os recursos são oriundos da atividade econômica do setor, da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional- CONDECINE e do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações – FISTEL.
O Comitê Gestor do FSA é composto por dois representantes do Ministério da Cultura – MinC – Juca Ferreira e Silvio D-Rin; um da ANCINE – Agência Nacional do Cinema, que é um dos agentes financeiros credenciados – Manoel Rangel e dois membros da indústria audiovisual, designados pelo Ministro da Cultura, Juca Ferreira – Paulo Mendonça e Gustavo Soares Steinberg. A ANCINE também exerce a Secretaria Executiva emprestando apoio técnico, administrativo e operacional para as atividades.
Em seu discurso, o ministro Juca Ferreira disse que é preciso ampliar o conceito de qualidade de vida incorporando a cultura. Além disso, anunciou em primeira mão, que o PL 29 entrará em votação na próxima semana, o que deverá ser efetivado e concluído no próximo ano. “Era o que estávamos aguardando para a área do audiovisual e o casamento perfeito com a TV”, afirmou. De acordo com o ministro, até agora o sistema de incentivos fiscais era contraditório porque obrigava os produtores a uma verdadeira romaria em busca das grandes empresas investidoras, o que deixava a cultura cada vez mais refém dos interesses privados. O FSA é apenas um dos que ainda deverão ser criados dentro da proposta de mudança da Lei Rouanet, que vai introduzir cada vez mais a participação do Estado por meio do fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura (FNC).
Paulo Mendonça - Canal Brasil
O diretor do Canal Brasil e membro do Comitê, Paulo Mendonça, disse que “o FSA vem para consolidar o audiovisual com recursos próprios, um grande passo para o qual o cinema brasileiro conta”. O modelo de atuação do fundo é combinar gestores públicos e representantes do setor; mecanismos de financiamento diversos e a capacidade de atuar nos diferentes elos da cadeia.
Lula em discurso de cerimônia
O presidente LULA também deu a sua palavra de positividade para a bonança que espera os realizadores de cinema no Brasil. Afirmou que a crise de que todos falam, precisa ser vista como uma oportunidade para o Brasil crescer e que é necessário sobrar dinheiro para as pessoas irem ao cinema.
Juliana Carvalho (Bang Filmes)
A produtora Juliana Carvalho, da Bang Filmes, acredita que o FSA é uma grande sacada. “O FSA pretende fomentar a cadeia inteira da produção cinematográfica até o quesito equipamentos. O mais importante é que o Estado será parceiro no investimento, e o risco, que antes era só do empreendedor, agora será do Estado também, será de todo mundo junto”, anima-se. É importante salientar que o FSA visa contemplar atividades associadas aos diversos segmentos do setor: produção, distribuição/comercialização, exibição e infra-estrutura de serviços através de investimentos, financiamentos, operações de apoio e equalização de encargos financeiros.
Vânia Catani (Bananeira Filmes)
A norte - mineira Vânia Catani, diretora da Bananeira Filmes, disse apostar na ação cautelosa do FSA que irá valorizar a qualidade artística das obras e priorizar o seu conteúdo com alto grau de competitividade nos mercados doméstico e internacional. “Os gestores estarão atentos à competência de mercado da empresa e o mais incrível é que não levarão em conta somente projetos comerciais. Existe outro perfil de projeto cinematográfico que também precisa ser produzido e precisa de grana para isso”, declara. Entretanto Vânia é categórica quanto ao acesso: “acredito que o Fundo foi desenhado para empresas mais estruturadas no mercado, é como se fosse uma graduação, ele requer certo ‘expertise’, certo conhecimento profundo de causa”, compara. A Bananeira Filmes acaba de lançar o primeiro filme do estreante diretor Selton Melo, Feliz Natal, em cartaz nos cinemas.
Tarcísio Vidigal (Grupo Novo de Cinema)
Para o diretor do Grupo Novo de Cinema, Tarcísio Vidigal, o que chamou a atenção é de fato a atenção dada á distribuição. De acordo com suas informações, de 619 filmes catalogados pela ANCINE, 491 não possuem distribuidor e esse é um número alarmante. “É a primeira vez que alguém pensa neste detalhe de colocar dinheiro na distribuição e na compra de direitos, o grande gargalo do nosso cinema”, afirma.
Leandra Leal, Julia Moraes e Cláudio Assis
A cerimônia não seria a mesma sem a presença do polêmico e visceral Cláudio Assis, que disse entender o momento atual como uma cura para o banho de água fria dado pela Petrobrás, que vem cortando seus patrocínios nos setores da Cultura e do Social para fugir da crise econômica. “Diante disso, o que seria de nós sem o Fundo? Se for bem administrado, ele veio para salvar o cinema nacional”, profetiza Cláudio. A respeito do acesso ao FSA, anteriormente discutido, Cláudio Assis diz que “o cara Zé Ninguém que quer fazer cinema, tem que lutar, tem que provar que faz algo bom, tem que ser honesto e começar de algum lugar”. O diretor é dono da Parabólica Brasil e deve finalizar as filmagens de seu próximo longa Febre do Rato em breve “com a ajuda de Deus na frente e o Diabo empurrando atrás”.
O clima otimista ficou reservado a poucos. Nos bastidores do coquetel que se seguiu à cerimônia de lançamento, ouvi de alguns produtores com mais de 26 anos de experiência que algo não cheirava bem pelo fato de, na primeira fila, estiveram presentes representantes de grandes distribuidoras estrangeiras como a Universal Pictures.
Helvécio Marins Jr. (TEIA)
Para o também mineiro Helvécio Marins, é difícil prever porque a política do governo sempre foi centralizar tudo em Rio e São Paulo. “Acho isso péssimo e eu espero que mude. São poucos do cinema mineiro que estão neste páreo”, disse o cineasta, que é integra a produtora TEIA e representa o Festival de Cinema de Locarno na América Latina.
As quatro linhas de ação iniciais são: A- Produção Cinematográfica de Longa-Metragem, B - Produção Independente de Obras Audiovisuais para TElevisão, C - Aquisição de Direitos de Distribuição de Obras Cinematográficas de Longa-Metragem e D - Comercialização de Obras Cinematográficas de Longa-Metragem. O Fundo Setorial do Audiovisual foi criado pela Lei Nº 11.437, de 28 de dezembro de 2006 e regulamentado pelo Decreto nº 6.299, de 12 de dezembro de 2007 como uma das categorias do Fundo Nacional de Cultura (FNC). Vida longa e útil ao FSA!!
Mais informações em ouvidoria.responde@ancine.gov.br ou no site www.finep.gov.br
Por Aline Souza
Adiantada em duas horas para seu início, a cerimônia de lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, reuniu nesta quinta-feira (02/12) autoridades políticas e culturais em torno da nova possibilidade de financiamento para o cinema brasileiro. Inicialmente serão investidos R$ 74 milhões nas primeiras quatro linhas de ação ao longo de 2009. Os recursos são oriundos da atividade econômica do setor, da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional- CONDECINE e do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações – FISTEL.
O Comitê Gestor do FSA é composto por dois representantes do Ministério da Cultura – MinC – Juca Ferreira e Silvio D-Rin; um da ANCINE – Agência Nacional do Cinema, que é um dos agentes financeiros credenciados – Manoel Rangel e dois membros da indústria audiovisual, designados pelo Ministro da Cultura, Juca Ferreira – Paulo Mendonça e Gustavo Soares Steinberg. A ANCINE também exerce a Secretaria Executiva emprestando apoio técnico, administrativo e operacional para as atividades.
Em seu discurso, o ministro Juca Ferreira disse que é preciso ampliar o conceito de qualidade de vida incorporando a cultura. Além disso, anunciou em primeira mão, que o PL 29 entrará em votação na próxima semana, o que deverá ser efetivado e concluído no próximo ano. “Era o que estávamos aguardando para a área do audiovisual e o casamento perfeito com a TV”, afirmou. De acordo com o ministro, até agora o sistema de incentivos fiscais era contraditório porque obrigava os produtores a uma verdadeira romaria em busca das grandes empresas investidoras, o que deixava a cultura cada vez mais refém dos interesses privados. O FSA é apenas um dos que ainda deverão ser criados dentro da proposta de mudança da Lei Rouanet, que vai introduzir cada vez mais a participação do Estado por meio do fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura (FNC).
Paulo Mendonça - Canal Brasil
O diretor do Canal Brasil e membro do Comitê, Paulo Mendonça, disse que “o FSA vem para consolidar o audiovisual com recursos próprios, um grande passo para o qual o cinema brasileiro conta”. O modelo de atuação do fundo é combinar gestores públicos e representantes do setor; mecanismos de financiamento diversos e a capacidade de atuar nos diferentes elos da cadeia.
Lula em discurso de cerimônia
O presidente LULA também deu a sua palavra de positividade para a bonança que espera os realizadores de cinema no Brasil. Afirmou que a crise de que todos falam, precisa ser vista como uma oportunidade para o Brasil crescer e que é necessário sobrar dinheiro para as pessoas irem ao cinema.
Juliana Carvalho (Bang Filmes)
A produtora Juliana Carvalho, da Bang Filmes, acredita que o FSA é uma grande sacada. “O FSA pretende fomentar a cadeia inteira da produção cinematográfica até o quesito equipamentos. O mais importante é que o Estado será parceiro no investimento, e o risco, que antes era só do empreendedor, agora será do Estado também, será de todo mundo junto”, anima-se. É importante salientar que o FSA visa contemplar atividades associadas aos diversos segmentos do setor: produção, distribuição/comercialização, exibição e infra-estrutura de serviços através de investimentos, financiamentos, operações de apoio e equalização de encargos financeiros.
Vânia Catani (Bananeira Filmes)
A norte - mineira Vânia Catani, diretora da Bananeira Filmes, disse apostar na ação cautelosa do FSA que irá valorizar a qualidade artística das obras e priorizar o seu conteúdo com alto grau de competitividade nos mercados doméstico e internacional. “Os gestores estarão atentos à competência de mercado da empresa e o mais incrível é que não levarão em conta somente projetos comerciais. Existe outro perfil de projeto cinematográfico que também precisa ser produzido e precisa de grana para isso”, declara. Entretanto Vânia é categórica quanto ao acesso: “acredito que o Fundo foi desenhado para empresas mais estruturadas no mercado, é como se fosse uma graduação, ele requer certo ‘expertise’, certo conhecimento profundo de causa”, compara. A Bananeira Filmes acaba de lançar o primeiro filme do estreante diretor Selton Melo, Feliz Natal, em cartaz nos cinemas.
Tarcísio Vidigal (Grupo Novo de Cinema)
Para o diretor do Grupo Novo de Cinema, Tarcísio Vidigal, o que chamou a atenção é de fato a atenção dada á distribuição. De acordo com suas informações, de 619 filmes catalogados pela ANCINE, 491 não possuem distribuidor e esse é um número alarmante. “É a primeira vez que alguém pensa neste detalhe de colocar dinheiro na distribuição e na compra de direitos, o grande gargalo do nosso cinema”, afirma.
Leandra Leal, Julia Moraes e Cláudio Assis
A cerimônia não seria a mesma sem a presença do polêmico e visceral Cláudio Assis, que disse entender o momento atual como uma cura para o banho de água fria dado pela Petrobrás, que vem cortando seus patrocínios nos setores da Cultura e do Social para fugir da crise econômica. “Diante disso, o que seria de nós sem o Fundo? Se for bem administrado, ele veio para salvar o cinema nacional”, profetiza Cláudio. A respeito do acesso ao FSA, anteriormente discutido, Cláudio Assis diz que “o cara Zé Ninguém que quer fazer cinema, tem que lutar, tem que provar que faz algo bom, tem que ser honesto e começar de algum lugar”. O diretor é dono da Parabólica Brasil e deve finalizar as filmagens de seu próximo longa Febre do Rato em breve “com a ajuda de Deus na frente e o Diabo empurrando atrás”.
O clima otimista ficou reservado a poucos. Nos bastidores do coquetel que se seguiu à cerimônia de lançamento, ouvi de alguns produtores com mais de 26 anos de experiência que algo não cheirava bem pelo fato de, na primeira fila, estiveram presentes representantes de grandes distribuidoras estrangeiras como a Universal Pictures.
Helvécio Marins Jr. (TEIA)
Para o também mineiro Helvécio Marins, é difícil prever porque a política do governo sempre foi centralizar tudo em Rio e São Paulo. “Acho isso péssimo e eu espero que mude. São poucos do cinema mineiro que estão neste páreo”, disse o cineasta, que é integra a produtora TEIA e representa o Festival de Cinema de Locarno na América Latina.
As quatro linhas de ação iniciais são: A- Produção Cinematográfica de Longa-Metragem, B - Produção Independente de Obras Audiovisuais para TElevisão, C - Aquisição de Direitos de Distribuição de Obras Cinematográficas de Longa-Metragem e D - Comercialização de Obras Cinematográficas de Longa-Metragem. O Fundo Setorial do Audiovisual foi criado pela Lei Nº 11.437, de 28 de dezembro de 2006 e regulamentado pelo Decreto nº 6.299, de 12 de dezembro de 2007 como uma das categorias do Fundo Nacional de Cultura (FNC). Vida longa e útil ao FSA!!
Mais informações em ouvidoria.responde@ancine.gov.br ou no site www.finep.gov.br
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Festival de HIP HOP movimenta Cultura Urbana do RIO
Muita gente passou pelos locais onde este ano foram realizadas as atividades do HUTUZ 2008, evento realizado pela CUFA- Central Única das Favelas, no Rio de Janeiro. De suma importnacia para a promoção da cultura urbana, do RAP e do Hip Hop, o HUTúz anunciou ser este o seu último ano, já que em 2009 será a derradeira festa de consagração pelos 10 anos de existência do maior evento de Hip Hop da América Latina. Muitos canais de TV cobriram o evento, tanto o Prêmio Hutúz, realizado no Canecão, quanto o RAP Festival, Circo Voador. O Rapper VM Bill mandou o seguinte recado: "Já é hora das emissoras pararem de exibir somente clips de grupos estrangeiros e passar a exibir o nosso hip hop, aquele que é feito no Brasil e por brasileiros". É isso aí Bill, demorô!!
Viela 17
O grupo Viela 17, de Brasília, original da Ceilândia Norte, se apresentou neste sábado no palco principal do HUtúz 2008. Com 8 anos de estrada e 3 CDs lançados, o grupo participou da 1º edição do festival e neste ano dois de seus produtores musicais do CD “Lá no Morro” concorreram na categoria produtor revelação. O Rapper Japão, que tem 20 anos no RAP, disse que a origem de tudo é o protesto, porém é necessário dar soluções. “A maneira que encontramos para isso é dar bons exemplos para os jovens e transmitindo mensagens de paz, justiça e amor”, afirma.
Japão - Viela 17
Zaturno - Chile
Outro grupo que também se apresentou hoje foi o chileno Zaturno, no total de três integrantes são Julicio (DJ), Soledad (MC) e Zaturno, também MC. Com 7 CDs lançados, sendo o último chamado Zaturno Espacial, o grupo vem traçando uma trajetória com misturas latinas e experimentações com músicas de raiz . A Rapper Sole disse que “a inspiração que temos é a vivência do dia a dia, além da preocupação com a imagem da mulher latina, que não pode ser aquela difundida por muitos movimentos que vêem a mulher como objeto” disse.
Por Aline Souza
Fotos: ALine SOuza
Viela 17
O grupo Viela 17, de Brasília, original da Ceilândia Norte, se apresentou neste sábado no palco principal do HUtúz 2008. Com 8 anos de estrada e 3 CDs lançados, o grupo participou da 1º edição do festival e neste ano dois de seus produtores musicais do CD “Lá no Morro” concorreram na categoria produtor revelação. O Rapper Japão, que tem 20 anos no RAP, disse que a origem de tudo é o protesto, porém é necessário dar soluções. “A maneira que encontramos para isso é dar bons exemplos para os jovens e transmitindo mensagens de paz, justiça e amor”, afirma.
Japão - Viela 17
Zaturno - Chile
Outro grupo que também se apresentou hoje foi o chileno Zaturno, no total de três integrantes são Julicio (DJ), Soledad (MC) e Zaturno, também MC. Com 7 CDs lançados, sendo o último chamado Zaturno Espacial, o grupo vem traçando uma trajetória com misturas latinas e experimentações com músicas de raiz . A Rapper Sole disse que “a inspiração que temos é a vivência do dia a dia, além da preocupação com a imagem da mulher latina, que não pode ser aquela difundida por muitos movimentos que vêem a mulher como objeto” disse.
Por Aline Souza
Fotos: ALine SOuza
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